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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mostra em Nova York revela a intimidade de Johnny Cash pelas lentes do lendário fotógrafo Jim Marshall

Plantão | Publicada em 13/04/2011 às 00h15m Carlos Albuquerque

Bob Dylan e Johnny Cash: encontro de ícones clicado por Jim Marshall / Divulgação

RIO - A clássica e polêmica foto de Johnny Cash exibindo o dedo médio foi enquadrada. Além dela, outras imagens do lendário cantor americano de country, mas atitude rock and roll, também estão detidas nas paredes. Em cartaz na Morrison Hotel Gallery, em Nova York, a mostra "Pocket Cash - Iconic & unseen Johnny Cash" revela ângulos pouco conhecidos - alguns inéditos - do músico, clicados pelo igualmente lendário Jim Marshall, fotógrafo que cobriu a efervescente cena musical do rock nos Estados Unidos, principalmente entre os anos 1960 e 1970.

FOTOGALERIA : Veja ângulos pouco conhecidos de Johnny Cash e outros heróis do rock

A mostra é o resultado de uma série de ligações de amizade - entre Marshall (que faleceu ano passado) e Cash (morto em 2003); entre Marshall e Peter Blachley, dono da galeria; e entre Blachley e seu sócio, o fotógrafo Henry Diltz. Foi este último que clicou a famosa imagem dos Doors, na capa do disco (de 1970) que empresta o nome à galeria, fundada em 2001 e naturalmente especializada em mostras ligadas a música, inclusive on-line (no endereço morrisonhotelgallery.com).

- Fui executivo de gravadoras dos anos 1970 aos 1980 e desenvolvi um gosto pelo visual da música - conta Blachley. - Ajudei a criar alguns dos primeiros videoclipes da História e sempre gostei do casamento de música e imagens. Fundamos a galeria exatamente por acreditarmos no potencial emocional que essas fotos têm junto ao público e aos colecionadores dessa arte.

"Pocket Cash" - também o nome do último livro de fotos publicado por Marshall - reflete a amizade entre o fotógrafo e o músico, iniciada em 1962. Marshall - único profissional com acesso ao backstage >res

Em busca de um novo Marshall

Entre as 20 imagens da mostra, está um retrato do casal, abraçado, ouvindo música, no Tennessee, em 1969. Lá estão também Cash e Bob Dylan, violões em punho, conversando em Los Angeles, e Cash cumprimentando um preso durante o célebre show na prisão de Folsom, na Califórnia, em 1969.

- Essa mostra representa uma rara combinação. Trata-se de um tributo a uma lenda da música americana, através das imagens de um fotógrafo que é, ele próprio, também uma lenda do fotojornalismo musical. - explica Blachley. - Essa exibição traz alguns dos momentos mais marcantes da vida de Cash, incluindo os registros do show na prisão de Folsom. São registros de valor histórico incalculável, já que nenhum fotógrafo esteve tão perto de Cash, compartilhando a sua intimidade, quanto Jim Marshall.

É esse tipo de intimidade que Blachley recomenda aos fotógrafos iniciantes, que buscam se destacar num universo de milhões de câmeras digitais nas mãos de amadores.

- O papel de uma galeria como a nossa não é apenas celebrar os talentos do passado, mas também tentar descobrir novos Jim Marshall. O problema é que a arte de fotografar mudou radicalmente nos últimos dez anos. Muitos dos grandes fotógrafos que eu conheci tinham acesso aos músicos e mantinham uma relação de amizade com eles, o que facilitava o registro desses momentos íntimos, únicos. Hoje, um show gera incontáveis registros que vão parar na internet. Mas a foto que vai se destacar será aquela que mostra o músico ou a banda sozinhos, num momento particular. Por isso, recomendo aos fotógrafos mais novos que tentem ficar o mais perto possível dos grupos em que acreditam porque, se um dia esses músicos se tornarem famosos, eles terão registros valiosos dessa proximidade.

Juventude e intimidade são, aliás, o tema da mostra on-line "When I was young", exibida no site da Morrison Hotel Gallery. Reforçando as palavras de Blachley, a exibição traz fotos de Michael Jackson, Rolling Stones, U2 e Bob Dylan, ainda engatinhando rumo ao estrelato.

- Nossas exposições on-line têm sempre um toque nostálgico - revela Blachley. - Servem para mostrar como é profundo e vasto o nosso arquivo, que remonta aos clubes de jazz de Nova York nos anos 1950. É possível passar horas vasculhando o material e não ver tudo de uma vez. Cada uma dessas fotos representa uma história em particular.

Histórias como a do tal dedo médio exibido por Cash para as lentes de Marshall, na imagem que se tornou um símbolo da inquietação e rebeldia do cantor.

- Lembro bem do Jim contando a história dessa foto - revela Blachley. - Ele estava na prisão de San Quentin, em 1970, acompanhando Cash em outro show especial para detentos. Em determinado momento, Jim pediu a Cash que fizesse uma saudação para a polícia. E ele fez.

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